segunda-feira, 14 de agosto de 2017

Resenha: Revanger – Gladiator (2015)


Munidos de gládios elétricos e prontos para o combate na arena do Heavy Metal nacional, a banda Revanger de Mossoró/RN traz em seu escudo de Riffs um Heavy Metal muito bem executado e expressado com capricho. Seu primeiro trabalho “Gladiator” (2015), lançado pelo selo Rising Records traz seis faixas compostas sobre o verniz da paixão e peso.
Nitidamente temos em “Gladiador” uma temática visual que nos remete aos antigos Gladiadores Romanos. Em questão de curiosidade, os Gladiadores foram escravos que eram forçados a lutar por suas vidas no antigo Império Romano. Durante séculos os Gladiadores lutaram entre si ou contra animais ferozes para o entretenimento dos romanos, para isso foi construída uma arena especial, o Coliseu, que tem em suas ruínas, hoje, um dos principais pontos turísticos da Itália.

Esses lutadores geralmente eram prisioneiros de guerra e escravos, porém alguns deles também eram compostos por criminosos variados. Para que não houvessem injustiças ou desvantagens, os Gladiadores eram divididos por categorias definidas em: Trácios, Murmillos, Retiários, Secutores e Dimachaeri. Sendo assim, usarei essa divisão para resenhas as faixas de “Gladiator”, trazendo junto as musicas um pouco da historia destes antigos lutadores.
Abrindo os portões do coliseu temos a instrumental “Enter Hades”, a canção inicia-se com uma virada de bateria que progride para um Riff pesado e arrastado. A faixa é uma excelente abertura pois consegue mostrar com menos de dois minutos a proposta sonora do grupo.
 Trácios
(Guerreiros vindos da província Trácia, utilizavam um escudo quadrado, uma proteção no braço direito e geralmente empunhava uma espada curva ou angulada (sica). Seu elmo era peculiar: possuía uma crina inclinada para frente, e na ponta era esculpido uma cabeça de grifo e penas.)
A segunda faixa do trabalho “Crazy Words” tem um Riff marcante que faz uma mescla entre Hard Rock e Heavy Metal. Destaque para a voz de Patrick Raniery que sem exageros conseguiu expressar com bastante peculiaridade a letra da canção.
Murmillos
(O Murmillo possui este nome devido ao peixe (murma) esculpido em seu elmo, que é facilmente reconhecido pelas aberturas na frente e pena crina reta na parte superior. Ele lutava principalmente contra Trácios, e como outros gladiadores, lutava com o peito exposto. Empunhava uma gladius, e usava um grande e pesado escudo retangular.)
“Hells Angels” fala sobre estrada, irmandade e motocicletas, uma clara homenagem ao motoclub Hells Angels Motorcycle Club. Tecnicamente vemos claras referencias de Judas Priest na guitarra, fora o refrão coberto por uma aura típica e nostálgica.
Retiários
(Um dos gladiadores mais reconhecíveis, utilizava um tridente e uma rede. Utilizava a rede para imobilizar o oponente, para então atacar com o tridente. Se perdesse a rede, poderia utilizar o tridente para desferir golpes segurando a arma com as duas mãos. Outra característica marcante era o uso do galerus, uma placa de bronze usada no ombro esquerdo.)
Com uma intro linda e um baixo inspirado, “The Evil Song” é a música mais complexa do trabalho até então. A faixa traz o lado maligno da banda e também o mais visceral, destaques para o clima das guitarras e para a marcante linha vocal.
Secutores
(Como costumava lutar contra o Retiarius, o Secutor também era chamado de Contraretiarius. Utilizava uma espada reta e uma elmo pequeno e redondo, sem adornos, para evitar que ficasse preso na rede do Retiarius, e combatia o oponente de perto, uma tática útil contra um inimigo que usava rede e tridente.)
Minha faixa favorita do disco sem dúvida é a “Gladiator”, a canção tem muitas variações nos vocais e um clima que nos remete de imediato as antigas arenas de batalha. Confesso que demorou pra sair da minha cabeça o refrão desta faixa, “A MAN OF HONER- GLADIATOR, PREPARE TO DIE- GLADIATOR, THE GLORIOUS FIGHT- GLADIATOR, HE’S STILL ALIVE”.
Dimachaeri
(Conhecidos por serem os mais bem treinados gladiadores romanos, não usavam capacetes, somente uma armadura leve. Eram inimigos dos secutores e retiários)
Encerrando o combate temos umas das melhores faixas do trabalho, “Chuva de Balas”. A faixa é cantada em português e devido a isso, talvez pela intimidade com a língua, temos aqui a melhor interpretação vocal do disco. A música é tão boa que em minha opinião a banda deveria fazer um disco inteiro cantado em português.
A temática da letra talvez esteja ligado à passagem do cangaceiro Lampião por Mossoró/RN, inclusive o nome da faixa é o mesmo de um espetáculo teatral que narra esse acontecimento e é apresentado em Mossoró todos os anos.
Recomendado.
Formação:
Patrick Raniery (vocal);
Diego Miranda (guitarra);
Diego Sampaio (guitarra);
Guibyson Rodrigues (baixo);
Vicente Mad Butcher (bateria).
Faixas:
Enter Hades
Crazy Words
Hell Angels
The Evil Song
Gladiator
Chuva de Balas