segunda-feira, 22 de maio de 2017

Resenha: Apple Sin – Apple Sin (2017)


O fruto proibido experimentado por Eva trouxe consequências nada agradáveis, porém tal fato, segundo o poeta romano Ovídio, seria inevitável pois esforçamo-nos sempre para alcançar o proibido e desejamos o que nos é negado. Esta frase e até mesmo o ato descrito na Bíblia Sagrada em Gênesis 2:9 e 3:2, geram questionamentos que podemos encontrar com bastante naturalidade no Heavy metal, visto que a história do estilo está coberta de ousadia e desafios as regras vigentes.
Uma banda que usa essa equação, tanto em sua música quando em sua arte visual é a Apple Sin de Barroso-MG. O grupo formado em 2012 é um dos poucos que ainda trazem em suas veias o “veneno” cativante do Heavy Metal Tradicional.
Em 2015 a banda gravou o EP “Fire Star” (com cinco faixas) que já mostrava com bastante exuberância a proposta da banda. Mais foi somente em fevereiro de 2017 que a Apple sin trouxe ao mundo seu primeiro álbum auto-intitulado, no qual falarei adiante:
Com um total de 47 minutos, o full-length abre com uma linda intro que de cara climatiza o enredo vigente do álbum. Um piano muito bem composto e sem exageros, acompanhado de uma trilha digna de filmes épicos dá o tom e pavimenta o caminho para a segunda faixa intitulada “Sea Of Sorrow”.
Através da simbologia do mar, “Sea Of Sorrow” faz questionamentos existenciais. As guitarras cruas executadas por Beto Belchior e Tainan Vilela dão ao canto arrastado um corpo enigmático e por deveras pesado.
A terceira faixa “Darkness of World” continua com a pegada crua apresentada em “Sea Of Sorrow” porém mais veloz. A letra é muito boa contando de forma pessimista o destino caótico de nosso mundo. Gostaria de destacar a ótima linha de baixo que faz desenhos criativos criando um contraponto envolvente com a linha de voz.
A faixa título “Apple Sin” é simplesmente linda e marcante. Confesso que desde quando ouvi pela primeira vez essa música na coletânea Roadie Metal volume 2, vez ou outra ela me vem à mente como num processo de osmose. Destaque mais uma vez para o baixo de Raul Ganso que construiu uma marcante linha muito similar (porém longe de ser cópia) a canção Countdown to Extinction do Megadeth.

“Another Day” volta com a velocidade, porém desta vez somada a uma agressividade digna do puro Heavy Metal tradicional onde a bateria de Eduardo Rodrigues torna-se um destaque inegável. Patric Belchior (voz) está simplesmente impecável, a execução do drive somado ao seu timbre agudo natural deram a faixa um toque a mais, sem contar que a respiração executada por ele foi muito bem divindade entre as pausas da letra, dando um brilho a mais na interpretação.
Como em todo disco de bom gosto não poderia faltar uma balada Heavy. “Respect” vem trazer ao álbum uma brisa reflexiva e poética, onde lindas frases de guitarra finalizadas com ótimos harmônicos dão ao álbum um clima outonal. A canção é uma das mais bonitas do disco e de longe uma de minhas favoritas, e sozinha garantiria uma nota alta no final desta resenha.
Após o clima intelectivo de “Respect” temos uma trinca matadora, “Fire Star”, “Black Hole” e “Roaches Blood”. Todas as faixas cobertas pelo manto do Metal visceral (com pitadas Thrash) e destaques individuais tanto na execução quanto na temática.
Para fechar o trabalho temos uma homenagem ao programa “Roadie Metal a voz do Rock”. A faixa realmente define muito bem o espirito do programa que ama o metal em todas as suas vertentes.
Não posso deixar de destacar a arte gráfica composta por Philippe Belchior (que também gravou os teclados do disco) que é simplesmente linda. O novo design do logotipo chama muito a atenção dando ao material uma representação visual digna das músicas apresentadas no CD.
A Apple Sin se alimenta da fonte motriz do Heavy Metal, e mostrou neste full-length que está apta para desbravar o Metal nacional com mãos inspiradoras. Que venha o próximo trabalho!
Faixas : 
01. Intro
02. Sea Of Sorrow
03. Darkness And World
04. Apple Sin
05. Another Day
06. Respect
07. Fire Star
08. Black Hole
09. Roaches Blood
10. Roadie Metal (bonus-track)
Line-up:
Patric Belchior – vocais
Beto Carlos – guitarras
Tainan Vilela – guitarras
Raul Ganso – baixo
Eduardo Rodruigues – bateria
Phillipe Belchior – teclados (adicional)