terça-feira, 3 de novembro de 2015

Manowar - “Guyana (Cult of the Damned)”


Até onde vai a fé cega e a loucura em nome de Deus? A resposta para essa pergunta é um verdadeiro buraco negro na humanidade, visto que desde a idade media tiranos matam e usurpam vidas e posses em nome de Deus.

Varias são as bandas e musicas que abordam com certa profundidade esse tema, porem hoje em particular falarei do álbum “Sign of the Hammer” gravado em 1984 pelo MANOWAR. O álbum tem em seu desfecho uma musica chamada “Guyana (Cult of the Damned)” que fala sobre o suicídio em massa arquitetado por JIM JONES, líder da seita “templo dos povos”.

Filho de um pai alcoólatra Jim Jones durante a infância foi um garoto perturbado e fascinado por morte e religião. Nos anos 50 fundou em Indiana (EUA) o templo dos povos após ter feito um curso de pastor por correspondência, Jim Jones calcava seus sermões propondo uma sociedade cristã e igualitária, onde não haveria ricos ou pobres e muito menos distinções de raças.


Jones era um sujeito carismático e influente, tanto que até mesmo chegou a ser secretario de habitação. Porem esse carisma aos poucos se revelava ser uma faceta doentia e perigosa, Jones era um verdadeiro tirano que se escondia por trás de boas intenções, ele obrigava a todos os seus seguidores a chamá-lo de pai e pregava que o Deus era ele próprio. Outra característica latente e doentia era o fato de Jones se vangloriar por fazer sexo tanto com homens e mulheres de seu templo, tudo muito bem explicado e posto a todos em pleno “culto”.

Apesar disso os seguidores de Jones só aumentavam, visto que ele ajudava os sem-teto, desempregados e doentes de todas as raças, porem muitos acabavam abandonando a seita devido aos abusos internos, para esconder as patifarias eloqüentes, Jones começou a fazer uma “colônia” nas selvas da Guiana no qual ele chamou de JONESTOWN. 


Jonestown chegou a abrigar no seu auge quase 1000 pessoas, estas que trabalhavam seis dias por semana durante dez horas por dia, tentando cultivar sem sucesso uma terra estéril. A falta de comida aumentava, a higiene era precária, Jones monopolizava todo tipo de informação, a única forma dos fies saberem de algo era através de alto falantes, no qual somente se ouvia a voz de Jones durante as 24 horas do dia, uma verdadeira lavagem cerebral.



Mesmo escondido pela mata, os boatos de abusos eram constantes, uma revista chegou a revelar que a seita tomava dinheiro e propriedade de seus fiéis. O paraíso de terror, isolamento, abusos sexuais, falsos milagres e pressões psicológicas imposto por Jones estavam prestes a sucumbir.

Após um ano de total esquecimento, veio à tona acusações de que Jonestown era na verdade um campo de concentração de trabalho escravo, três jornalistas e o deputado Leo Ryan fizeram uma visita ao paraíso de Jones, lógico que uma investigação era inevitável. Ao chegar ao local, todos os seguidores de Jones pareciam muito felizes com tudo, porem logo a fraude começou a ser descoberta, os jornalistas começaram a receber bilhetes com pedidos de socorro e após muita confusão, onde até mesmo um atentado a faca contra o deputado teve de ser contido, o deputado decide então ir embora levando com eles 15 pessoas que desesperadas tentavam deixar o templo.

Conclusão, os três jornalistas mais o deputado Leo Ryan alem de um dos fugitivos foram mortos a tiro, o atentado ainda deixou onze pessoas feridas.

O desespero então tomou conta de Jones, e é neste ponto que a loucura faz sua pragmática equação, após anunciar a todos nos falantes que o deputado estava morto, Jones munido de sua eloqüência, convence seus seguidores de que “SE NÃO PODEMOS VIVER EM PAZ, VAMOS MORRER EM PAZ”

O pastor manda todos, inclusive as crianças, tomarem um suco com cianeto que ele chamava carinhosamente de “medicamento”, sem saída, o pastor vê como ultimo recurso o suicídio em massa de seus seguidores.

Foram envenenadas 303 crianças, muitas delas tendo recebido o veneno pelas próprias mães, por fim, todos acabam tomando o veneno, menos Jones que acabou morrendo com um tiro na cabeça.


Durante o processo de “unção” junto ao veneno, o fanático dizia nos altos falantes que ninguém ali estava se matando simplesmente, e sim que executavam um suicídio revolucionário contra um mundo desumano, foram mais de 900 mortes.



Esse triste acontecimento foi muito bem expressado através da musica “Guyana (Cult of the Damned)” dos reis do metal MANOWAR, que conseguiu de forma poética eternizar esse terrível fato, alem de cravar nas paginas do heavy metal uma musica prá lá de empolgante e muito bem composta, Guyana tem uma linda linha de baixo e um vocal lindo que desenha de forma pesada os acontecimentos de 18 de novembro de 1978, as frases inicias da musica são de arrepiar:

“Obrigado pelo Kool Aid ( cianeto) Reverendo Jim
Nós estamos contentes de deixar para trás o  mundo de pecado
Nossos corpos sem vida caem em solo sagrado” 

Fica a dica para quem não conhece a canção, pois mais uma vez a arte vem nos trazer fatos e acontecimentos por vezes esquecidos, porem nunca apagados.