quarta-feira, 25 de novembro de 2015

A Influencia Do Escritor H.P lovecraft No Heavy Metal



Não é segredo nenhum o fato que escritores e pensadores sempre foram “luz” de inspiração para bandas de Heavy metal. Aleister Crowley, Friedrich Nietzsche, William Shakespeare, William Blake, Dante Alighieri e vários outros já foram temas ou mesmo tiveram suas teorias representadas através do Heavy metal, porem creio que nenhum deles foi tão explorado quanto H.P LOVECRAFT.
Lovecraft sem duvida nenhuma é um dos escritores de maior imaginação sombria e criativa a pisar na terra, mesmo os críticos o acusando de “pobre” e “repetitivo”, Lovecraft é digno de aplausos por criar uma expressiva e original mitologia, esta que ignora quase que totalmente a religião cristã resenhando um ar sinistro e profano as suas obras.
Na riqueza de seus contos encontramos os famosos deuses alienígenas chamados de “Grandes Antigos”, uma civilização não humana que habitava a terra antes de nossa raça dominar o planeta, CTHULHU , AZATHOT e SHUB- NIGGURATH são os nomes de alguns desses “Grandes Antigos”, tais criaturas tomarão a terra novamente quando formos extintos, os seres nos consideram um simples acidente biológico, onde nossa fraca e limitada mente seria destruída caso soubéssemos a verdade que nos cerca.
Lovecraft não escrevia necessariamente apenas sobre o sobrenatural, porem sua expressividade e criatividade em descrever o obscuro através do prisma das influentes e poderosas forças malignas, logo chamaram a atenção, e muitos músicos de heavy metal viram ali um ótimo berço de inspiração, vamos a alguns exemplos:
-Iron Maiden
Imaginem um livro muito antigo e terrível, onde a simples leitura levaria à loucura. Os conhecimentos nele existente negam toda nossa historia e ciência, os rituais ali descritos podem provocar não somente a morte de quem os pratica, mais sim a destruição massiva de nossa humanidade e realidade. Esse é o livro dos mortos o Necronomicom escrito por volta de 730 d.c por Abdull Alhazred, o nome original do livro era AL AZIF (“Os ruídos das noites”).
Abdull era um grande sábio que após ter voltado de uma jornada a regiões desconhecidas, ficou louco e morreu de forma horrível, tendo sido devorado por um ser invisível em plena praça publica, os conhecimentos adquiridos pelo sábio durante sua viagem foram registrados nesse livro.
Por muito tempo (e até mesmo hoje em dia), varias pessoas acreditavam ser esse livro real, porem a verdade é que ele não passa de uma “invenção” de Lovecraft. O escritor sempre falou pouco sobre essa obra (ele mesmo escondia ter sido o criador da lenda), apenas alguns poemas foram divulgados, entre eles o que vem gravado na lápide de Eddie no disco “LIVE AFTER DEATH” do Iron Maiden:
Não está morto o que pode jazer, e, em estranhas eras, até a morte pode morrer”

-Celtic Frost
Os membros do Celtic Frost nunca negaram sua admiração por Lovecraft
Nós fomos inspirados pelos textos de Robert E. Howard, H.P. Lovecraft, Eliphas Levy, Aleister Crowley (…) e tudo isso acabou entrando nas letras de ‘Morbid Tales’. Tinha muita influência, muita ‘inspiração’ de fora da música naquela época. (Eric Ain)
A capa de “To Mega Therion” também faz uma referencia “tentacular” aos seres de Lovecraft, alem de citar e fazer várias referencias aos “Grandes Antigos” em suas musicas.

Black Sabbath
“Behind the Wall of Sleep” do álbum de estréia da banda é baseada no conto de mesmo nome do autor.

– Mekong Delta
A banda alemã de Thrash metal Mekong Delta gravou em 1988 um disco intitulado “The Music of Erich Zann”, titulo de um conto de Lovecraft sobre um violonista cujo sua musica conseguia atrair para o nosso mundo os “Grandes Antigos”.

– Mercyfull Fate
O Mercyfull Fate no disco “Time” de 1994 gravou uma musica chamada “The Mad Arab” que conta a historia de Abdull Alhazred e de seu livro Necronomicom. Em 1996 no álbum “Into the Unknown” uma continuação para essa musica foi escrita chamada “Kutulu (The Mad Arab Part Two)”.

 Crystal Eyes
Os suecos do Crystal Eyes usaram o “chamado de Cthulhu” como inspiração para o disco “Dead City Dreaming” de 2006 onde uma alusão direta a Cthulhu dormindo e sonhando no interior da cidade de R’Lyeh é feita.

-Cradle of Filth

No disco “Midian” de 2000 o Cradle of Filth traz a musica “Cthulhu Dawn” que fala sobre o despertar de Cthulhu e das conseqüências desse acontecimento para a humanidade.

-Metallica
O falecido baixista Cliff Burton do Metallica era um grande fã da mitologia dos “Grandes Antigos”, tanto que propagou os contos de Lovecraft entre os membros da banda, prova disso é que Kirk Hammet várias vezes se apresentou usando uma camiseta do filme Re-Animator (1985) inspirado na obra de Lovecraft.
Varias letras do Metallica fazem alusão aos contos lovecraftianos, uma bem conhecida esta em “The Thing that should not be” do clássico “Master of Puppets” que fala da entidade “Nyoghtha”. Porem a mais famosa creio ser a instrumental “The Call of Ktulu” do álbum “Ride the Lightning”.

Bandas como Bal Sagoth, Morbid Angel, Hypocrisy, Marduk e várias outras assumiram abertamente sua influencia em Lovecraft, em 1960 existiu também uma banda de rock psicodélico chamado H.P Lovecraft.


Em suma, vale muito a pena conhecer esse escritor e principalmente as musicas inspiradas em seus textos, pois obras assim são sempre uma aula de interpretação e feeling!

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Anos Clássicos- 1980


Sabemos da expressividade e força vertentes da veia furtiva do HEAVY METAL. Esse estilo mundialmente propagado é com toda certeza o mais completo e artístico existente. Desde seu surgimento, a auto-estrada de sua historia foi pavimentada com excelentes e grandiosos álbuns.

 Através desta nova coluna, traremos a vocês todas as segundas feiras cinco grandes álbum que formaram o alicerce deste estilo que tanto amamos, pois esses “ANOS CLÁSSICOS” fizeram parte não só de nossas vidas, mais sim da historia musical do nosso planeta!

Faremos aqui uma viagem Alá “John Titor” começando nos áureos anos 80 e assim sucessivamente, essa lista por fim trará vários álbuns que com toda certeza devem ser apreciados antes que a morte velha nos afagar em seu gélido peito!

Let's GO: 

1-MOTORHEAD - "Ace of Spades"


Clássico absoluto, Ace of Spades é com certeza uma das melhores obras metálicas já gravadas. O disco foi o primeiro do Motorhead a ser lançado na terra do Tio Sam, são 36 minutos de musica alta, cru e direta. O petardo foi gravado em 8 de novembro de 1980.

2-OZZY OSBOURNE - "Blizzard of Ozz"


A carreira solo de Ozzy Osbourne é fenomenal, porem tudo começou com o espetacular Blizzard of Ozz lançado em 20 de setembro de 1980 após sua saída do Black Sabbath.

O disco traz Clássicos como "I Don't Know”, "Crazy Train”, "Goodbye To Romance", "Dee” (um tema lindo de violão), e "Mr. Crowley".  

3-BLACK SABBATH - "Heaven and Hell"


Muitos lamentavam a saída de Ozzy do Black Sabbath, porem existem males que vem para bem, e nesse caso isso veio em forma de dois clássicos, o citado acima Blizzard of Ozz e o magnífico Heaven and Hell.

O disco traz ninguém menos que o mítico RONNIE JAMES DIO nos vocais, e é sem duvida uma obra prima metálica. O disco foi lançado dia 25 de abril de 1980 e mostrou para o mundo a força renovada do Black Sabbath, indispensável! 

4-IRON MAIDEN - "Iron Maiden"


Com toda certeza esse é o disco de estréia mais influentes do metal, um disco que carrega musicas acima de seu tempo, tais como "Phantom of the Opera” e "Remember Tomorrow".

Mesmo com os próprios membros criticando a produção do disco, ele agradou (e muito), fãs e critica, tanto que alcançou no Reino Unido a quarta posição do UK Albums Chart.

O disco foi lançado em 14 de abril de 1980 e trouxe para o mundo a maior e mais importante banda de metal de todos os tempos.

5- JUDAS PRIEST - "British Steel"


O dia 14 de abril de 1980 foi realmente um ano marcante, pois alem de ser o dia do lançamento do primeiro álbum do Iron Maiden, também foi o dia do lançamento do clássico British Steel do Judas Priest.

O disco trouxe outros “ares” as composições do Judas Priest comparado aos seus lançamentos na década de 70, sem sombra de duvida British Steel é um dos melhores álbum da banda. Clássicos como "Breaking the Law”, "Metal Gods" e "Living After Midnight", até hoje são cantados a plenos pulmões em shows do Judas Priest ao redor do globo, mostrando a força afiada da lamina britânica. 

Bonus:

-SAXON - "Wells of Steel"


O segundo álbum do Saxon foi lançado em 5 de maio de 1980 e traz composições fenomenais, entre elas “Motorcycle Man”, "747 (Strangers in the Night)" e "Suzie Hold On" .


-ANGEL WITCH - "Angel Witch"


Esse primeiro disco do Angel Witch é considerado um dos mais Cult`s da New Wave of British Heavy Metal. O disco é intenso e repleto de ótimas melodias, alem de um clima pra lá de sombrio.










sábado, 7 de novembro de 2015

IRON MAIDEN - VIRTUAL XI , SERÁ MESMO TÃO RUIM ASSIM?


É complicado quando uma banda renomada tem de trocar um membro importante, principalmente quando esse membro é o vocalista.

Muitas vezes devido a esse “ciúme” xiita a banda acaba sendo prejudicada, mesmo gravando discos excelentes.

Hoje vou falar de um disco muito injustiçado, porém que contém musicas criativas, o VIRTUAL XI do Iron Maiden .

O álbum em questão teve a pior posição de um disco de estúdio do Iron Maiden nas paradas musicais da Inglaterra, 16º lugar. Porém, será mesmo este disco tão ruim assim?

O disco que é o décimo primeiro álbum da banda (por isso a referencia “XI” no titulo), foi lançado no dia 23 de março de 1998 e foi totalmente influenciado pela “onda” tecnológica vigente do século XXI.

A capa do disco é linda e foi concebida pelo ilustrador inglês, Melvyn Grant. A criação  girava em torno de um garoto num ambiente bem tranqüilo observando Eddie e o caos através de um óculos de realidade virtual. A ideia era questionar qual mundo o garoto na verdade se encontrava, Melvyn Grant deu o nome para  arte de "Virtual Insanity".

Capa original

A capa foi modificada pois a equipe de marketing aproveitou o ano de copa do mundo para tecer sua “jogada”,sendo assim, alteraram a ideia original. Agora o garoto observa através de seu óculos de realidade virtual uma partida de futebol entre  Brasil e Inglaterra. A referencia XI também fazia uma alusão aos 11 jogadores de um time de futebol.

Antes do lançamento do álbum, a banda fez uma turnê de divulgação, onde realizou jogos de futebol por toda a Europa com músicos convidados e jogadores profissionais do Reino Unido.




O disco abre com a empolgante FUTUREAL que fala sobre pessoas viciadas em jogos on line,pessoas que de tanto “viverem” esse mundo digital, já não conseguiam mais  diferenciar  o mundo real do virtual.

O cd  single de "Futureal" foi muito bem feito, a capa era em digipack e trazia um belo pôster, além do clip em computação gráfica da faixa "The Angel and the Gambler".


A próxima canção é a já citada THE ANGEL AND THE GAMBLER. O tema “jogos” continua com essa faixa, porém desta vez através de um apostador compulsivo. O enredo é muito semelhante a história do escritor e professor sufi indiano Idries Shah (1924 - 1996), em Wisdom of the Idiots (1969).


A expressiva LIGHTNING STRIKES TWICE é muito interessante, pois traz a tona situações complicadas de nossas vidas, desenhando com perfeição a sensação que se passa durante uma tempestade, talvez o raio caia duas vezes no mesmo lugar, da mesma forma que situações ruins também podem se repetir.

Uma das melhores musica do álbum chama-se THE CLANSMAN e decorre sobre a figura de William Wallace guerreiro escocês que liderou um exército contra a tirania inglesa do Rei Eduardo I.


WHEN TWO WORLDS COLLIDE é uma de minhas favoritas e fala sobre a colisão de um asteroide contra o planeta terra. A musica coincide com o lançamento de dois filmes populares com o mesmo tema, Impacto Profundo e Armageddon.

THE EDUCATED FOOL resenha alguém que não sabe o que realmente quer da vida, e caba fazendo tudo que lhe é mandado, porém, o tolo educado sente que tem de mudar essa situação.

DON'T LOOK TO THE EYES OF A STRANGER fala sobre perseguição. Nunca olhe nos olhos de um estranho, você não sabe o que pode encontrar lá.

COMO ESTAIS AMIGO foi composta por Bayley  e Janick Gers e é uma homenagem aos argentinos mortos pelos ingleses na Guerra das Malvinas em 1982.
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Voltando para o Marketing do álbum, um jogo para pc chamado ED HUNTER foi elaborado pela Synthetic Dimensions junto a banda. O game é em primeira pessoa e consiste em seguir Eddie por vários níveis descrevendo as capas de álbuns do Iron Maiden. O “Box” ainda contem 2 cds com as mais populares musica do grupo, as canções foram selecionadas pelos próprios  fãs no site oficial da banda.


Bom, muitos contras e problemas internos rondaram esse disco, claro que ele esta longe de ser o melhor da banda, porém também não é justo jogá-lo as trevas visto que tudo nele foi muito bem feito. Musicas como THE ANGEL AND THE GAMBLER e THE CLANSMAN estão longe de serem ruins. O fato é que o álbum foi muito bem composto e coberto por detalhes históricos por muitos despercebidos. 






sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Pain of Salvation: “Be” E o Mito Da Criação


O pain of salvation é um dos poucos grupos que faz de sua musica uma verdadeira aula, tanto instrumental quanto teórica, e hoje vou falar da obra máster “BE”.

O álbum foi arquitetado durante oito anos por Daniel Gildenlow, foi uma longa jornada de pesquisas e de elaboração artística. O próprio Daniel no encarte do DVD “Be live” menciona como foi em parte essa jornada conceitual:

“… Eu (Daniel) tinha dois conceitos paralelos que girava em torno quando comecei a colocar esse conceito em ordem no começo do verão de 2003 (nosso inverno folks). Um era a idéia de que se Deus já existiu ele talvez já foi tão perdido e tão curioso como nós somos – criando o mundo como uma imagem dele/dela apenas para simular condições que talvez digam a ele/ela  sua origem. A história era uma história circular onde o homem cria uma sonda inteligente á sua própria imagem para descobrir a origem e respostas para a vida. Ela acaba tornando-se um novo Deus, criando o mundo tudo de novo, argumentando que toda criação vem de um impulso de se entender, e tempo é apenas um lugar onde nós nos “movemos” para sermos capazes de perceber mudanças. É simplesmente como nossos receptores trabalham, como nossos olhos interpretam ondas de energia em cores. Essa é nossa maneira especifica de ver coisas.

O outro conceito derivou de uma sensação que eu tive quando eu estudava história cultural em 1996.  Nós estávamos discutindo mitos e contos da criação como uma forma de entender o desenvolvimento da arte em diferentes civilizações. Tendo esses mitos impressos diante mim, de repente vi algumas evidencias de um padrão profundo. Eu senti essa sensação descer pelas minhas costas enquanto eu dizia para mim mesmo “Hey, algo realmente aconteceu aqui! Essas tentativas de nos contar algo têm tentado sobreviver por centenas, ou talvez milhares de anos, para nos contar algo. Mas o uso de linguagem contextual e definições nos iludem!” Eu não estou falando daquele monte de velhas de similaridades, eu estou falando de padrões que parecem ser totalmente diferentes e acontecem superficialmente, mas quando você tira a linguagem, semântica e imagina as situações como algo mais abstrato, então os valores todos começam a se ordenarem. Eu comecei a jogar com duas diferentes possíveis soluções para isso, (veja, o bom da ficção como discussão para idéias cientificas ou filosóficas, é que ela permite que você faça aquele salto lógico maior. Assim você pode muito eficientemente deixar de lado ou ignorar aqueles tendenciosos e normalmente muito dominantes conjuntos de sistemas de crença e tendências que permeiam sua especifica era contemporânea e contexto social).

O disco faz uma analogia reconstruindo o mito de Deus sob uma nova faceta, usando como base (em sua grande parte), nossa ciência atual. O disco possui 15 faixas que se entrelaçam e trás seus nomes em latim, porem com alguns “trocadilhos”.

O álbum é dividido em 5 blocos:

1-      “BE” (CHINASSIAH)
2-       Machinassiah – Of Gods & Slaves
3-      Machinageddon (Nemo Idoneus Aderat Qui Responderet)
4-      Machinauticus (Of the Ones With no Hopes)
5-      Deus nova mobile … and a God is Born

BE (Chinassiah)
Animae Partus
A primeira “canção” gira em torno do discurso de Deus logo ao surgir, nela podemos ouvir os batimentos cardíacos e o poético “sopro divino”, que é por vez a origem do “ser” (Be), e da alma (Animae). O ser recém “nascido” diz a frase: “EU SOU!” demonstrando ter ciência de si, porém sem conhecer sua origem, apenas que advém do silêncio e da escuridão. A entidade tenta por vez entender a si mesmo, então se denomina Deus e vai à procura de respostas sobre si mesmo.

Diferente do Deus da bíblia que sabe de tudo, o Deus do álbum procura através de sua fome por conhecimento saber de sua própria origem, porém assim como o Deus bíblico Animae fragmenta-se e cria seres à sua imagem e semelhança e promete passar a eternidade tentando saber quem é .


Vale lembrar que na musica as frases são provindas de três vozes (tanto masculina quanto femininas), porem sendo a mesma pessoa, o mesmo Deus no caso, uma ótima analogia a divina trindade (Deus pai, Deus filho, Deus Espírito Santo, mas ainda um único Deus).

Deus Nova
O nome da musica faz uma alusão a não existência de um sexo no Deus, visto que “DEUS” é masculino e “Nova” feminino. Se fossemos seguir corretamente a lei ortográfica seria:

 DEUS NOVUS (masculino) ou DEA NOVA( feminino)

 A escolha do nome é intencional para representar a não existência de sexo no Deus recentemente criado.

A música é carregada e descreve o crescimento populacional da raça, acompanhe a letra:

10.000 a.C. — 1 milhão de pessoas / 9.500 a.C. — 2 milhões de pessoas / 9.000 a.C. — 3 milhões de pessoas / 8.500 a.C. — 4 milhões de pessoas / 8.000 a 5.000 a.C. — 5 milhões de pessoas / 4.500 a.C. — 6 milhões de pessoas / 4.000 a.C. — 7 milhões de pessoas / 3.500 a.C. — 10 milhões de pessoas / 3.000 a.C. — 14 milhões de pessoas / 2.500 a.C. — 20 milhões de pessoas / 2.000 a.C. — 27 milhões de pessoas / 1.500 a.C. — 38 milhões de pessoas / 1.000 a.C. — 50 milhões de pessoas / 500 a.C. — 100 milhões de pessoas / Ano 1 d.C. — 170 milhões de pessoas / 500 d.C. — 190 milhões de pessoas / 1.000 d.C. — 254 milhões de pessoas / 1.500 d.C. — 425 milhões de pessoas / Ano 2.000 d.C. — 6.080 bilhões de pessoas

Depois da contagem, Animae volta e explica o que acabara de fazer:

“eu criei o mundo para ser a imagem de mim mesmo, da minha mente”
“eu tomei para fora para formar uma nova raça (...) e agora eu sou muitos, tantos...

Com a humanidade criada a sua imagem e semelhança Animae espera aprender algo, ali fragmentado em bilhões de pessoas ele espera saber quem é.

Imago (Homines Partus)
Nesta faixa “iniciasse” o ser humano e a humanidade. A música carrega em seu tema ritmos tribais que nos remete aos homens das cavernas. O titulo vem do latim “à imagem de”, e representa o reflexo de Animae, este que divide sua mente em minúsculas “partes”, restos do primeiro pensamento que podem agora interagir estando separadas.

Bem diferente da bíblia cristã, o homem é criado primeiro que mares e animais, somente após a criação humana que se pode assistir a criação das demais “coisas”.

Essa representação é extraordinária na musica, onde as estações do ano são destiladas junto ao raciocínio humano, este que via tudo ser formado e experimentado:

“Primavera trouxe o despertar, trouxe inocência e alegria
Primavera trouxe fascínio e desejo de se fixar
Verão trouxe inquietude e curiosidade
Verão trouxe anseio pelas coisas que não podemos ser”

Logo que tudo ia sendo criado o homem desejava ali “sentir” e estar junto a aquilo tudo:

“Leve-me à floresta, leve-me às árvores
Leve-me a qualquer lugar, contanto que você me leve
Leve-me ao oceano, leve-me ao mar
Leve-me ao Respirar e SER”

Tudo era novo e a fome de conhecimento tão latente em Animae também transborda no homem:

“Ensine-me sobre a floresta, ensine-me sobre as árvores
Ensine-me qualquer coisa, contanto que você me ensine algo
Ensine-me sobre o oceano, ensine-me sobre o mar
Ensine-me sobre o Respirar e SER”

Diferente de Animae o homem parece saber entre (aspas) de onde veio:

“Vejam-me! Eu sou a criação
Ouçam-me! Sou o amor que veio de Animae”

Em minha opinião Imago é a melhor e mais expressiva música do álbum. 

Pluvius Aestivus
A faixa instrumental representa o começo da vida e à fertilização dos campos causada pela chuva, tanto que o nome da faixa vem do latim “chuva de verão”. É incrível como a musica nos transporta para pensamentos de campos sendo germinados e a vida “brotando”.

 Machinassiah Of God & Slaves

Lilium Cruentus (Deus Nova)
Lilium Cruentus é forte e carregada pelo fantasma da morte junto a incapacidade humana de lutar contra ela, o titulo que do latim significa “Lírio manchado de sangue”, expressa perfeitamente essa idéia e comunga junto as questões existências tão discutidas: como tudo se originou? De onde tudo veio? Para onde se vai?

“A vida parece ser muito pequena quando a morte cobra seu pedágio”

O conceito traz o homem moderno em meio ao seu cotidiano exprimindo duvidas existenciais.

Nauticus ( Drifting)
Imerso pelo mar de duvida Nauticus que em latim quer dizer “navegante” ou “marinheiro”, trás os humanos procurando em Deus a resposta para suas duvidas colossais, já que é mais fácil se apegar e achar uma resposta em divindades quando tudo parece perdido.

A música segue com vozes graves muito similar aos cantos gregorianos, demonstrando facetas de preces e suplicas, porém sem obter respostas alguma. desta forma o homem se apega a bens materiais e dinheiro.

Dea Pecuniae
Dividida em três partes Dea Pecuniae (que significa “deusa do dinheiro”), traz um conceito bem humano e tem correntes forjadas com ganância, dinheiro e mulheres fúteis, muito bem representados através dos “personagens” Sr. Dinheiro, Srta. Mediocridade e a Deusa do Dinheiro.

1-Mr. Money
A musica no estilo “Broadway”, traz estampado todos os prazeres momentâneos. Festas e entretenimentos tomam conta do novo ser, este que é observado sem pautas por Animae.
Essa primeira parte da canção traz um dialogo entre o Sr. Dinheiro e a Srta. Mediocridade, onde a soberba capitalista do Sr dinheiro é exibida:

“Eu poderia ter comprado um país de terceiro mundo com as riquezas que gastei”

Após um lindo solo pra lá de Blues temos a “deusa do dinheiro” recitando o que tem a oferecer:

"Se você procura realização um Reino e uma Coroa (...) Te darei os carros sexy`s e um gosto de divindade, Um lampejo das Estrelas, Imortalidade”...

2-Permanere
Após festas e “diversões” regadas a “ouro”, Sr. Dinheiro sente um vazio depressivo, mesmo podendo comprar tudo, algo lhe falta, e o Sr. Dinheiro sente se derrotado, mesmo que essa palavra ( derrota) praticamente não exista em seu vocabulário. 

“Mas quando tudo está calado e as luzes dos bares se apagam, eu preciso de consolo porque em algum lugar aqui no fundo ascendem sentimentos de derrota, E eu odeio perder!” 

 3- I raise my glass
Nessa terceira parte vem os brindes entorpecidos do Sr. Dinheiro, mais suas vulgares revelações:

...Podem apostar que é solitário no topo velhos amigo e hoje eu contarei a vocês idiotas o porquê! (...) Eles afirmam que eu sou pago por minha grande Responsabilidade, mas você sabe...
Que isso é só uma desculpa esfarrapada para minha egocentricidade
Eles dizem que somos iguais, eu e vocês e eu realmente concordo
Veja:
Assim como eu, vocês vivem para mim, até o dia de suas mortes, Por isso eu brindo a todos vocês! (...) Ergo a minha taça para aqueles entre vocês que dão suas fatias do bolo de graça para que eu as jogue na cara da democracia...

Vale lembrar que nesse ponto o homem faz do dinheiro o seu Deus.

Machinageddon (Nemo Idoneus Aderat Qui Responderet)

Vocari Dei (Sordes Aetas — Mess Age)
Com lindos harmônicos de guitarra, Vocari Dei e super criativa e interessante, retrata as suplicas humana a Deus.

Durante a gravação do álbum a banda disponibilizou um número de secretaria eletrônica para que fãs deixassem mensagem a Deus, Gildenlow na época disse que podia ser qualquer coisa desde que fosse de coração. O resultado foi incrível,  algumas pessoas agradeciam a Deus por algo, outras o culpavam por fome, guerras e catástrofes. É muito emocionante, já que são pessoas reais desabafando.

Uma curiosidade sobre essa faixa é a participação do baterista Mike Portnoy ( ex-Dream Theater), que também gravou uma mensagem agradecendo por sua sobriedade e resistência. Mike durante um tempo foi membro dos alcoólicos anônimos ( A.A)

A mensagem de Mike Portnoy pode ser ouvida apenas nos extras do DVD “BE” live.

Essa música representa a escravidão de Animae em relação aos humanos, visto que é depositado nele toda a culpa por enfermidades, crises e erros, todas as guerras travadas pela humanidade são em seu nome.

Diffidentia (Breaching the Core)
Tantas duvidas e cobiça acabam por fazer a humanidade se rebelar contra Animae,  transformando -se em deuses e deixando de ser fragmento da Mente do Ser para tornar-se “indivíduo”. Com o “circulo” sendo quebrado Animae se enfraquece.

A tradução do titulo diz muito sobre o decorrer da canção, “Desconfiança” (Penetrando no âmago).

Animae:

(...) Meus estilhaços viraram estilhaços deles mesmos, pedaços de pedaços, impossíveis de reunir, passando suas vidas na busca de um contexto do qual sempre fizeram parte...

Nihil morari (homines fabula finis)
O titulo dessa é bem sugestivo: “Nada restará” (fim da fábula humana). Contando de forma bela a falha de Animae e de Imago, narrando o começa do fim do “ciclo”.

 A Terra, antes fértil e intacta é deteriorada em meio à discussão pela sobrevivência, a humanidade que conquista a lua e planeja colonizar marte destrói a terra em nome do dinheiro.

No fim da faixa volta o tema musical da canção “Deus nova” acompanhado da seguinte letra:

“The year 2,010 AD: 6,823 Million people
2,020 AD: 7,518 Million people
2,030 AD: 8,140 Million people
2,040 AD: 8,668 Million people
2,050 AD: 9,104 Million people”

Machinauticus (Of the Ones With no Hopes)

Latericius valete
Do latim “Feito de tijolos fortes”, a faixa instrumental é carregada e climática. Simboliza o passar de tempo e apenas uma frase é dita:

2,060 AD: 1.2 Million people…

Representa a diminuição populacional para 1,2 milhão de pessoas e que, comparado á data da última faixa, essa redução ocorreu em uma década.

Omni
O titulo em si é muito interessante, pois Omni é a palavra que dá origem ás palavras “onipresença”, “onipotência”.

A última gota que resta de esperança para descobrir o segredo da vida e do universo é construir uma avançada sonda espacial, esta que ganha o nome de “Nauticus”. Na música pode se ouvir as noticias angustiantes de doenças, mortes e catástrofes que assolam o planeta.

A sonda Nauticus é a maior criação universal e navega no espaço. Seu objetivo é encontrar resposta para poder salvar o planeta terra dele mesmo. Por fim a Humanidade é corroida e Nauticus faz sua busca.


Iter Impius (Martigena, son of Mars) (Obitus Diutinus)
Nesta faixa o Sr, dinheiro renasce através de uma hibernação, dessa vez nosso querido Mr. Money esta imortal e descobre que realmente é dono de TUDO, porém não tem nada pra ele tomar posse, não há nada pra ser dono, o mundo esta em ruínas e foi tomado por algumas maquinas deixada pela humanidade.

Agora ele é o rei do mundo, porém governava RUÍNAS.

A música porta -se como uma das melhores do disco, com muito feeling e pegada. Daniel despeja vocais sensacionais, uma obra de arte.

Martius/Nauticus II
A sonda Nauticus adquire consciência, ela detém todo o conhecimento Humano além do conhecimento sobre todas as “coisas”.

Eu estou na fronteira, eu vejo tudo. Agora eu sou Nauticus e muito mais, eu sou tudo
Estou na fronteira - exatamente na fronteira, uma eternidade num piscar de olhos
Neste lugar chamado tempo
Eu sou todas as coisas
Eu sou todo os lugares
Eu sou todos
Ômni
"SER"

A canção é muito bonita e tem um ar cientifico. Em um certo momento ela volta com as batidas tribal de Imago.

Deus nova mobile … and a God is Born

Animae partus II
Agora temos o desfecho, o final do ciclo, o “nascimento da alma”, o surgimento de um novo Deus personificado como “I AM”.

A historia se repete de forma diferente, porém igualmente em termos filosóficos.

Podemos chamar essa obra de mitológica. “Be” fala da Humanidade e de todas as facetas desfiguradas da mesma. Cobiça, consumismo, materialismo, futilidades, temas religiosos e espirituais. “Be” traz pensamentos que por vezes são deixados de lado devido sua complexidade. Os problemas comuns de nossa sociedade são muito bem expressados através do “Sr. Dinheiro”, com criticas que estão acima do capitalismo falho, exalando conscientemente opiniões e posicionamentos por muitos não entendido.


Fontes:

Alem é claro das letras do álbum, usei um excelente TCC publicado por Jaqueline Pricila dos Reins Franz, que tinha o álbum como base.

terça-feira, 3 de novembro de 2015

Manowar - “Guyana (Cult of the Damned)”


Até onde vai a fé cega e a loucura em nome de Deus? A resposta para essa pergunta é um verdadeiro buraco negro na humanidade, visto que desde a idade media tiranos matam e usurpam vidas e posses em nome de Deus.

Varias são as bandas e musicas que abordam com certa profundidade esse tema, porem hoje em particular falarei do álbum “Sign of the Hammer” gravado em 1984 pelo MANOWAR. O álbum tem em seu desfecho uma musica chamada “Guyana (Cult of the Damned)” que fala sobre o suicídio em massa arquitetado por JIM JONES, líder da seita “templo dos povos”.

Filho de um pai alcoólatra Jim Jones durante a infância foi um garoto perturbado e fascinado por morte e religião. Nos anos 50 fundou em Indiana (EUA) o templo dos povos após ter feito um curso de pastor por correspondência, Jim Jones calcava seus sermões propondo uma sociedade cristã e igualitária, onde não haveria ricos ou pobres e muito menos distinções de raças.


Jones era um sujeito carismático e influente, tanto que até mesmo chegou a ser secretario de habitação. Porem esse carisma aos poucos se revelava ser uma faceta doentia e perigosa, Jones era um verdadeiro tirano que se escondia por trás de boas intenções, ele obrigava a todos os seus seguidores a chamá-lo de pai e pregava que o Deus era ele próprio. Outra característica latente e doentia era o fato de Jones se vangloriar por fazer sexo tanto com homens e mulheres de seu templo, tudo muito bem explicado e posto a todos em pleno “culto”.

Apesar disso os seguidores de Jones só aumentavam, visto que ele ajudava os sem-teto, desempregados e doentes de todas as raças, porem muitos acabavam abandonando a seita devido aos abusos internos, para esconder as patifarias eloqüentes, Jones começou a fazer uma “colônia” nas selvas da Guiana no qual ele chamou de JONESTOWN. 


Jonestown chegou a abrigar no seu auge quase 1000 pessoas, estas que trabalhavam seis dias por semana durante dez horas por dia, tentando cultivar sem sucesso uma terra estéril. A falta de comida aumentava, a higiene era precária, Jones monopolizava todo tipo de informação, a única forma dos fies saberem de algo era através de alto falantes, no qual somente se ouvia a voz de Jones durante as 24 horas do dia, uma verdadeira lavagem cerebral.



Mesmo escondido pela mata, os boatos de abusos eram constantes, uma revista chegou a revelar que a seita tomava dinheiro e propriedade de seus fiéis. O paraíso de terror, isolamento, abusos sexuais, falsos milagres e pressões psicológicas imposto por Jones estavam prestes a sucumbir.

Após um ano de total esquecimento, veio à tona acusações de que Jonestown era na verdade um campo de concentração de trabalho escravo, três jornalistas e o deputado Leo Ryan fizeram uma visita ao paraíso de Jones, lógico que uma investigação era inevitável. Ao chegar ao local, todos os seguidores de Jones pareciam muito felizes com tudo, porem logo a fraude começou a ser descoberta, os jornalistas começaram a receber bilhetes com pedidos de socorro e após muita confusão, onde até mesmo um atentado a faca contra o deputado teve de ser contido, o deputado decide então ir embora levando com eles 15 pessoas que desesperadas tentavam deixar o templo.

Conclusão, os três jornalistas mais o deputado Leo Ryan alem de um dos fugitivos foram mortos a tiro, o atentado ainda deixou onze pessoas feridas.

O desespero então tomou conta de Jones, e é neste ponto que a loucura faz sua pragmática equação, após anunciar a todos nos falantes que o deputado estava morto, Jones munido de sua eloqüência, convence seus seguidores de que “SE NÃO PODEMOS VIVER EM PAZ, VAMOS MORRER EM PAZ”

O pastor manda todos, inclusive as crianças, tomarem um suco com cianeto que ele chamava carinhosamente de “medicamento”, sem saída, o pastor vê como ultimo recurso o suicídio em massa de seus seguidores.

Foram envenenadas 303 crianças, muitas delas tendo recebido o veneno pelas próprias mães, por fim, todos acabam tomando o veneno, menos Jones que acabou morrendo com um tiro na cabeça.


Durante o processo de “unção” junto ao veneno, o fanático dizia nos altos falantes que ninguém ali estava se matando simplesmente, e sim que executavam um suicídio revolucionário contra um mundo desumano, foram mais de 900 mortes.



Esse triste acontecimento foi muito bem expressado através da musica “Guyana (Cult of the Damned)” dos reis do metal MANOWAR, que conseguiu de forma poética eternizar esse terrível fato, alem de cravar nas paginas do heavy metal uma musica prá lá de empolgante e muito bem composta, Guyana tem uma linda linha de baixo e um vocal lindo que desenha de forma pesada os acontecimentos de 18 de novembro de 1978, as frases inicias da musica são de arrepiar:

“Obrigado pelo Kool Aid ( cianeto) Reverendo Jim
Nós estamos contentes de deixar para trás o  mundo de pecado
Nossos corpos sem vida caem em solo sagrado” 

Fica a dica para quem não conhece a canção, pois mais uma vez a arte vem nos trazer fatos e acontecimentos por vezes esquecidos, porem nunca apagados.