segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Coven: os peregrinos do Rock obscuro



Quando Aleister Crowley disse: “Faz o que tu queres, há de ser tudo da lei”. Não imaginou que o hedonismo proposto seria usado por conservadores para chamar de satanistas aqueles que pregavam a liberdade. O Rock é um dos exemplos, a velha máxima “sexo, drogas e Rock N’ Roll” tornou-se uma afronta aos preceitos religiosos, e logo ligada ao satanismo devido uma aparente individualidade.
Claro que os argumentos da igreja em relação ao tema são mais profundos, porém a meu ver errôneos. Sabemos que o aspecto libertário, rebelde e contestador se deve apenas a uma forma simbólica que o Rock usa contra padrões impostos. Porém quando o ocultismo passou a fazer parte do enredo lírico de discos e músicas, a Igreja logo sentenciou: “O Rock é coisa do Diabo”!
A estigma tornou-se tão forte (e rentável), que algumas bandas passaram a adotar abertamente temas satânicos, anticristãos e pagãos. Uma das primeiras a assumir esse lado “obscuro” foi a estadunidense Coven.
Formado no final dos anos 60 para os 70, o Coven antes mesmo do Black Sabbath já regava suas músicas com o lado negro da vida. Muitos alias dizem que o Black Sabbath se inspirou no Coven para seguir esse lado oculto. Coincidência ou não, a primeira faixa de seu debut chama-se BLACK SABBATH e seu baixista OZ OSBOURNE…
A vocalista Jinx Dawson foi peregrina em fazer os famosos “chifrinhos” com a mão, bem como a primeira a usar a expressão “Hail Satan” no Rock, além de se apresentar com pentagramas e crucifixos invertidos. O grupo também fez um vídeo para a faixa título de seu terceiro álbum, Blood On The Snow, sete anos antes da MTV.

A banda levava tão a sério sua temática que chegou a registrar uma missa negra em seu disco “Witchcraft Destroys Minds And Reaps Souls”, até o nome do grupo tinha uma conotação “obscura”. Coven é o nome dado a um grupo de bruxos(as), que se unem num laço mágico, físico e emocional, sob o objetivo de louvar a Deusa e o Deus, tendo em comum um juramento de fidelidade à Arte e ao grupo.
A missa negra presente no debut do grupo é a última faixa do disco e contem 13 minutos de duração. Intitulada “Satanic Mass”, a tal “missa” foi na verdade escrita pelo produtor da banda Bill Traut, da Dunwinch Productions, tendo como base uma missa satânica real, acompanhe um pequeno trecho da letra:
Sino Altar (tocar nove vezes para invocar o espírito Satanás.)
Coven (Invocação – Cantar na língua antiga de conjurar Satanás do abismo infernal):
“Bagabi laca bachabe Lamac cahi achababe.
Karrelyos Lamac Lamac bachalyas Cabahagy sabalyos Baryolos
Lagoz atha cabyolas
Samahac et famyolas
Harrahya”
Sumo Sacerdote (diz):
“”Em nome de Satanás, o governante da Terra, o Rei do mundo, o Chefe do Servos, eu ordeno que as forças das trevas venham à conceder o seu poder infernal sobre nós. Salva-nos, Senhor a Satanás, pelo traiçoeiro e violento. Oh Satã, o Espírito da Terra, o Deus da liberdade, abram as portas do inferno, e saiam da fortaleza do abismo por esses nomes: “”
Sumo Sacerdote e Coven gritam!! “Satan! Beelzebub! Leviathon! Asmodeus! Abaddon!

Pra quem tiver curiosidade aconselho procurar pelo álbum “Witchcraft Destroys Minds And Reaps Souls”, as músicas são excelentes, sem contar a icônica arte gráfica que traz fotos de um ritual satânico, onde a cantora Jinx Dawson aparece nua sobre uma mesa como “oferenda”, um prato cheio para amantes da música negra.

Integrantes:
(Formação Original)
Oz Osborne (Baixo)
Chris Nielsen (Vocais, Guitarra)
Rick Durrett (Teclado)
Steve Ross (Bateria)
John Hobbs (Piano)
Jinx Dawson (Vocais, Teclado)
Discografia:
Witchcraft Destroys Minds & Reaps Souls – 1969
Coven – 1972
Blood On The Snow – 1974
Metal Goth Queen, Out of the Vault, 1976-2007 – (2008)

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