domingo, 18 de outubro de 2015

DISCOS ESQUECIDOS: APHRODITE`S CHILD - 666




Muitos são os discos consumidos pelas areias do tempo, então hoje vou voltar para o ano de 1972 para falar de um dos discos mais importantes (porem esquecido), da historia do rock progressivo.

 O álbum em questão foi muito controverso, polêmico, censurando e absurdamente muito bem composto e inspirado, estou falando do grupo grego Aphrodite’s Child, e de sua obra máster 666 (The Apocalypse of John, 13/18).

Pra quem não conhece, o Aphrodite’s Child era formado por dois populares nomes do rock grego, o vocalista e baixista Demis Roussos e o tecladista Vangelis. Junto ao baterista Lucas Sideras o Aphrodite’s Child fez muito sucesso na década de 60, gravando clássicos como “Rain And Tears” e “Spring, Summer, Winter And Fall”, esta ultima inclusive foi lançada aqui no Brasil.



O conceito do disco 666 (The Apocalypse of John, 13/18), é uma adaptação ao “Livro das Revelações da Bíblia”, baseado no Apocalipse de São João, do Novo Testamento, porem se engana (e muito), quem pensa que o disco é “religioso”.

A "trama" do álbum é inspirada no livro do cineasta grego Costa ferris, o conceito era simples, um grande circo com acrobatas, dançarinos, elefantes, tigres e cavalos mostrando um espetáculo referente ao fim do mundo, no qual corrobora com o tema Bíblico.

A TRAMA:
Durante o decorrer do show, em meio a diversos efeitos de luz e som, algo estranho começa a acontecer fora do circo, era a revelação da destruição do planeta. O público acredita que o que acontece fora do picadeiro faz parte do show, mas o narrador começa a alertar a platéia que aquilo é real. Então, uma imensa e vorás batalha entre o bem e o mal é travada.

O álbum foi totalmente criado por Vangelis e Costa Ferris e se tornou a principal obra do grupo.

O disco foi coberto por polêmicas, a começar pela capa. Originalmente, Vangelis queria que a capa fosse a mesma escolhida para o livro de Costas Ferris, onde o número “666” era escrito com gotas de sangue sobre um fundo totalmente preto, mais não foi aceito causando um grande desgosto em Vangelis, piorando ainda mais os problemas internos da banda, a capa escolhida tinha apenas o “666” gravado em letras brancas sobre um fundo negro e com um preenchimento vermelho em volta. Existe uma versão que saiu apenas nas primeiras edições Inglesas que se assemelha com a capa escolhida por Vangelis, porem com o escrito 666 em branco, essa versão é raríssima. É claro que muitos “temiam” o álbum por trazer estampado o numero da besta.



Muitos diziam que o álbum foi concebido sobre o efeito de uma droga chamada “Sahlep”, e isso causou um grande desconforto entre os produtores, existiam também acusações de realizações de rituais satânicos entre os membros da banda, tudo sobre a influencia do tal “Sahlep”, na verdade Sahlep é um chá turco feito com raiz de orquídea (nada tão profano!).

Outra polêmica latente era em relação a canção “∞” ( infinity), essa musica teve a participação de Irene Papas. Irene cantava num tom meio que “sexual” as frases:

“I was, I am, I am to come” (Eu era, eu sou, eu sou, virei) uma inversão de “who was, is, is to come” ( que era, é, está para vir) contida na Revelação e atribuída a Deus, porem a frase era confundida(ou interpretada), como “I was, I’m and I want your cum” (Eu era, eu sou e eu quero seu esperma).

Claro que o modo histérico cantado por Irene, mais os embalos rítmicos sexuais impostos pela percussão ajudaram e muito nisso, porem não poderia ser deixado de lado, já que o conceito dessa parte era a seguinte:

O demônio começa a utilizar esta frase dentro de seu ego e assim tenta renascer ou então criar outro ego, fazendo amor com ele mesmo até atingir o orgasmo!

Irene Papas


A faixa foi literalmente riscada na Espanha, a venda de 666 (The Apocalypse of John, 13/18), foi proibida por lá durante muitos anos devido a “∞”( infinity).

Mesmo sendo uma obra de arte do rock progressivo, 666 (The Apocalypse of John, 13/18), não vendeu bem, a censura latente sobre o álbum fez a poeira dominar as prateleiras. Roussos e Vangelis disseram que a Mercury podou muito a versão original do álbum, que era para ser lançado em formato quádruplo.

 
Arte da parte interior do disco


Todas as musicas do disco são muito bem executadas e estão a frente do seu tempo, o disco abre com sarcasmo e despeja muita criatividade, System tem polêmicas frases executadas num andamento de “marcha”,“We got the system, to fuck the system”.

Logo após as vozes cessarem, um violão muito bem ritmado da às boas vindas para Babylon, o baixo da musica é muito bem feito e rouba à atenção, a canção é acompanhada por um coro de platéia.

 A próxima musica começa com uma base de piano muito bem proposta por Vangelis, uma voz de criança faz a narração, entre as frases um coro diz, Loud, Loud, Loud, a musica decorre assim bem singela, porem quando se ouve sons de “sininhos” iniciasse a melhor musica do álbum em minha opinião The Four Horsemen começa com um angustiante e marcante vocal de Demis Roussos, a letra fala sobre os quatro cavaleiros:

E quando o Cordeiro abriu o primeiro selo,
Eu vi o primeiro cavalo.
O cavaleiro tinha um arco
Agora, quando o cordeiro abriu o segundo selo,
Eu vi o segundo cavalo
O cavaleiro segurava sua espada…

Outra musica que não posso deixar de citar é o single Break, que é praticamente uma despedida de Roussos, com um piano lindo e um excelente solo de guitarra. Break fecha o álbum de forma magnífica



Em suma, uma obra prima. Corra atrás dessa obra, principalmente se aprecia a arte exuberante do rock progressivo, pois temas como estes,  executado em alto nível, são raros e únicos.

Um comentário:

  1. Isso mesmo Fabrício.
    Eu só conheço 2 pessoas que tem esse álbum duplo (Importado), pois no Brasil ele também foi proibido.
    Eu sou um dos dois que tem o álbum, rs.
    No Brasil foi lançado com o nome Break, a capa lançada aqui é a foto da capa interior do disco, e foi lançado como álbum simples (1 LP) sendo o lado 1 do disco 1 e o lado 2 do disco 2.
    Onde achar essa obra-prima:
    Novo: Museu do Disco (São Paulo)
    Usado: Baratos & Afins (Galeria do Rock - São Paulo) = Procurar pelo Luiz Carlos Callanca.
    Ele tem.
    E outra coisa: Vai se preparando para por a mão no bolso, porque não vai pagar barato, kkkk.
    Abraços meu querido, e Sucesso.
    Parabéns

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